Será que o Mão branca está de volta à Natal-RN ? Mas afinal, quem foi o mão branca ? Continue lendo este artigo e descubra tudo sobre esse grupo que atuou no estado nos anos 80 e que as pessoas cogitam sua volta.
É sabido por todos que o Brasil passou por um tempo de ditadura militar, onde era comum o abuso pelos militares, onde as pessoas eram torturadas, mortas e abusadas sem nenhuma punição. Bom, os grupos de extermínio surgiram como herança deste tempo, grupos que deixam de existir da mesma maneira como nascem, do nada.
Com altos índices de violência e uma certa falta de intervenção estadual, as pessoas começaram a indignar-se, e desta forma, começaram a formar grupos de justiceiros/assassinos, para combater a criminalidade.
Os mão braca como são chamados, é um grupo de pessoas, conhecidos por alguns como justiceiros e por outros como assassinos. estes que tem importante papel histórico no país, e estavam presente em diversos lugares. No final da década de 60, em São Paulo-SP um grupo chamado de “Esquadrão da Morte” passou a atuar na cidade, e também na baixada fluminense (RJ) juntamente com a Paraíba no início dos anos 80.
Na época, o medo era tanto, que os detentos negavam sair dos presídios, e necessitavam de escolta policial para deixar as prisões temendo a ação destes grupos.
Em suma, esses grupos eram formados por homens ligados à polícia civil e Militar. Segundo diversas fontes, podem ser considerados “Mão Branca” as pessoas ligadas à segurança em geral.
Mão Branca no Rio Grande do Norte
O grupo chegou ao estado na década de 90, tendo repercussão INTERNACIONAL, mas chegou ao estado conhecido como os “meninos de Ouro” essa repercussão se deu pelo fato de como os outros grupos, realizarem diversas execuções e chacinas, com ex-presidiários e pessoas envolvidas com crimes, desde os mais leves até os mais perigosos.
O grupo ficou famoso pela sua atuação, quase que erradicando a criminalidade no estado na época.
O jornalista Emanoel Barreto, Publicou um artigo no ano de 2007 dizendo o seguinte:
“Mão Branca, começou uma ação de extermínio. Um matador, ou matadores ferozes, nunca se soube exatamente quem, atacava bandidos e deixava junto aos corpos mensagens anunciando que outros teriam o mesmo destino. E assinava: Mão Branca.
O matador chegou mesmo a enviar aos jornais uma lista com nomes. Num desenho grosseiro, um punho masculino segurava uma balança onde, em cada prato, estavam os nomes. Polvorosa no mundo do crime. Reduziu-se em muito o número de assaltos. Não havia dia em que, pela manhã, os repórteres não encontrassem, em terrenos baldios, corpos de criminosos assassinados.”
Justificativa
O “Mão Branca” usava como justificativa de suas execuções à defesa de órfãos, viúvas e inocentes, para ele o que estava em questão era a concretização de uma justiça, de uma penalidade a ser aplicada em decorrência da ruptura do pacto social. Uma afronta à ordem social, de sertã forma, já que praticava tudo aquilo que era contra, que de certa forma rebela-se contra a própria organização social. Muitos o tinham como déspota.
Segundo Foucault isto quer dizer que:
“O déspota é, portanto, aquele que exerce em permanência – fora do estatuto e fora da lei, mas de uma maneira que é completamente intricada em sua existência mesma – e que impõe de uma maneira criminosa seu interesse. É o fora-da-lei permanente, é o indivíduo sem vínculo social. O déspota é o homem só. O déspota é aquele que, por sua existência, efetua o crime máximo, o crime por excelência, o crime da ruptura total do pacto social pelo qual o próprio corpo da sociedade deve poder existir e se manter. O déspota é aquele cuja existência coincide com o crime, cuja natureza é, portanto idêntica a uma contra natureza. É o individuo que impõe sua violência, seus caprichos, sua não-razão, como lei geral ou como razão de Estado. Ou seja, no sentido estrito, do seu nascimento à sua morte, em todo caso durante todo o exercício do poder despótico, o rei - em todo caso o rei tirânico – é simplesmente um monstro.” (2002, p. 117)
O Monstro
“O “Mão Branca” é nesse caso um monstro. O personagem propõe uma nova legalidade, que obedece a outros parâmetros e pressupostos, burlando a ordem estabelecida, instaurando o caos. Ele desorganiza o conhecido formal estatuto de justiça e tripartição dos poderes, fazendo às vezes de poder executivo, legislativo e judiciário, não poupando qualquer obstáculo entre seu desejo e sua satisfação. Podemos traçar um paralelo com o herói trágico, no que confere especificamente a desmedida, a hýbris contida no seu percurso e mola propulsora de seus desvios”.
Conclusão
Até o presente momento que este texto está sendo redigido, segundo as fontes consultadas para tal, não houve identificação real de quem seria o mão branca, ou mesmo se era um grupo de pessoas.
O que sabe-se ao certo é que era(m) Militar(es), não sabendo ao certo do que realmente era o motivo pelo qual cometia tais atos, especula-se que é por causa do cangaço de vingança.
O “Cangaço de Vingança” é aquele no qual os seus integrantes são movidos pela vingança, em decorrência de um agravo sofrido, e por isso, satisfeita tal vingança, o cangaço não tem mais sentido.
O homem do “Cangaço de Vingança” é aquele que podemos identificar “violentado em seus desejos de realização pessoal, agindo sob coação moral irresistível – valha-nos aqui a expressão tomada de empréstimo à ciência penal – e que nos mínimos gestos revela sua inadaptação à vida que leva”
Só sabemos que mesmo com essa taxação de monstro, e esses diversos crimes cometidos, de certa forma houve uma “assepsia” social. Para uns cometendo crimes, para outros deixando as ruas da cidade mais limpas, diminuindo o número de criminosos.
O Mão branca, como já citado, assinava suas mortes com uma luva branca, e tinha uma lista grande de pessoas das quais iriam ser mortas, e foi enviado a um jornal da cidade seu logo, outra forma de identificação dele, que também produziu um cartas, contendo sua logo e dizendo que seu mês era o de agosto, estudiosos dizem que é em apologia ao mês do exu da religião dos orixás.
Até hoje sua identidade real não foi revelada.
Atualidade
Atualmente, uma onda de mortes de ex-presidiários e bandidos vem tomando conta da grande Natal, e a população cogita a volta do mão branca, porém, até o momento não houve nenhuma assinatura dos crimes cometidos, ou qualquer manifestação oficial disso, não sabe-se também se está sendo formado um grupo de extermínio ou algum tipo de justiceiros. Por enquanto, não existe nada de concreto e cabe a cada um de nós, refletirmo-nos acerca dos fatos, e tirarmos as conclusões.
Pra você, esta é ou não a volta do mão branca à Natal ?
Referências:
Jornalista Emanoel Barreto
Dicionário Informal
Tese de mestrado de Tatiana Morais, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, intitulado de “Mão Branca: Matrizes Míticas do Urbano.